Alto-Comissariado da ONU para Direitos Humanos precisa de mais 500 milhões
- 30/01/2025
"Há vidas em jogo se não investirmos nos direitos humanos", afirmou Volker Türk.
Dirigindo-se em Genebra aos representantes dos países nas Nações Unidas, Türk sublinhou o trabalho vital realizado pelo seu pessoal em 2024, um ano de crise em muitos pontos do mundo, da Faixa de Gaza à Ucrânia, passando pelo Sudão e por Myanmar.
Advertiu de que não se espera, em 2025, "um abrandamento dos desafios", defendendo que "neste mundo dividido e polarizado, os direitos humanos (...) devem ser uma das principais prioridades em todo o mundo".
As 2.000 pessoas que trabalham para o Alto-Comissariado em 92 países realizaram cerca de 11.000 missões de monitorização dos direitos humanos e observaram quase 1.000 julgamentos em 2024. As suas atividades de sensibilização contribuíram para a libertação de 3.145 pessoas detidas arbitrariamente, precisou.
A sua equipa documentou também cerca de 15.000 situações de violações de direitos humanos e forneceu apoio a mais de 10.000 sobreviventes de formas contemporâneas de escravatura e mais de 49.000 sobreviventes de tortura e respetivas famílias, acrescentou.
Türk explicou que o seu departamento necessitará de 500 milhões de dólares (479,4 milhões de euros), além dos recursos que recebe através do orçamento regular da ONU, para levar a cabo o seu trabalho este ano.
No ano passado, tinha solicitado o mesmo montante, mas recebeu apenas 269 milhões de dólares (257,9 milhões de euros).
Tal representou "menos 4% do que em 2023", declarou, acrescentando que o Alto-Comissariado se viu obrigado a "gastar as suas reservas para enfrentar o ano".
Na reunião de hoje, vários países expressaram o seu apoio e se comprometeram a continuar a financiar a ação do Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH).
Os Estados Unidos, o maior doador de ajuda externa do mundo, mas cujo financiamento futuro é motivo de preocupação, não estavam entre eles.
O Presidente norte-americano, Donald Trump, assinou uma ordem executiva no dia em que tomou posse, 20 de janeiro, congelando a ajuda externa dos Estados Unidos durante 90 dias, enquanto é efetuada uma revisão completa para determinar se está de acordo com as políticas que pretende seguir.
No ano passado, Washington doou ao ACNUDH 36 milhões de dólares (34,5 milhões de euros) em apoio voluntário, além da sua contribuição para o orçamento regular da ONU.
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