"Até nova ordem". Israel suspende libertação de detidos palestinianos
- 30/01/2025
"A hierarquia política anunciou a suspensão da operação para libertar os terroristas, até novas ordens", noticia a rádio militar, citando uma fonte das autoridades de segurança.
A decisão foi tomada após o caos na libertação de alguns destes reféns em Khan Yunis, no sul, condenado pelo primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, que considerou ter visto "cenas chocantes".
O chefe de Governo referia-se às cerimónias organizadas pelos grupos islamitas Hamas e Jihad Islâmica para promover a terceira libertação de reféns no âmbito do acordo de tréguas na Faixa de Gaza.
Em Khan Yunis, os grupos palestinianos organizaram um ambiente festivo num campo de ruínas, com combatentes das Brigadas Al-Quds, o braço armado da Jihad Islâmica, vestidos de preto da cabeça aos pés e com cordões de bandeiras palestinianas estendidos entre os edifícios destruídos.
A outra cerimónia foi preparada no campo de refugiados de Jabalia, onde combatentes usaram faixas verdes do Hamas e do seu braço armado, as Brigadas Ezzedine Al-Qassam, num cenário de devastação e destroços.
Em ambos os locais, estavam estacionadas as viaturas do Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) para receber os reféns.
O Hamas montou um pódio, os delegados do CICV assinaram um formulário de libertação e, em seguida, a soldado israelita Agam Berger, vestida de caqui, emergiu dos escombros, escoltada por combatentes do movimento islamita.
Quando chegou ao pódio, foi filmada em grande plano por um combatente do Hamas com uma câmara profissional ao ombro. O homem ordenou-lhe que acenasse para a multidão, ao que ela obedeceu sem entusiasmo.
Depois, entrou numa das quatro viaturas do CICV, enquanto alguns homens se apressavam a imortalizar o momento nos telemóveis.
"Vejo com grande severidade as cenas chocantes que ocorreram durante a libertação dos nossos reféns", disse Netanyahu, em comunicado, acrescentando que a encenação evidenciou a "crueldade inimaginável" do Hamas
O primeiro-ministro israelita exigiu que "os mediadores garantam que tais cenas ameaçadoras não se repetem e que a segurança dos reféns está garantida", avisando que "qualquer pessoa que ouse fazer mal aos cativos terá a cabeça coberta de sangue".
O fórum que representa as principais famílias dos reféns também lamentou o que descreveu como "imagens de cortar o coração", apelando, em comunicado, para que "sejam feitos todos os possíveis" para garantir "a proteção e a sua reunificação aos seus entes queridos".
"Após 482 dias de terror e sofrimento inimagináveis, estas pessoas, que já suportaram o impensável, não devem ser sujeitas a mais perigos. Este processo, marcado pela crueldade e pelo desrespeito pela dignidade humana, deve ser inequivocamente condenado", afirmou o grupo.
Da mesma forma, o Presidente israelita, Isaac Herzog, condenou as "cenas de abuso e terror" contra os reféns enquanto eram transferidos para veículos da Cruz Vermelha.
[Notícia atualizada às 13h35]
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