China, Irão e Rússia iniciam diálogo sobre programa nuclear de Teerão

  • 14/03/2025

O diálogo surge numa altura em que o Presidente norte-americano, Donald Trump, que retirou os Estados Unidos do acordo em 2018, durante o seu primeiro mandato, disse estar aberto ao diálogo com Teerão, após regressar ao poder em 20 de janeiro.

 

"Os três lados trocaram pontos de vista sobre a questão nuclear iraniana e outros assuntos de interesse comum", disse a televisão estatal chinesa CCTV, sem dar mais detalhes.

O canal difundiu imagens do vice-ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Ma Zhaoxu, a dar as boas-vindas e a apertar a mão ao seu homólogo russo, Sergei Riabkov, e ao seu homólogo iraniano, Kazem Gharibabadi, diante das bandeiras dos três países.

Durante décadas, os países ocidentais suspeitaram que Teerão pretendia adquirir armas nucleares. O Irão nega veementemente esta suspeita e afirma que o seu programa existe apenas para fins civis, em particular para fins energéticos.

Em 2015, o Irão concluiu um acordo com os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (China, Rússia, Estados Unidos, França e Reino Unido) e a Alemanha para regular o seu programa nuclear.

De acordo com a Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA), o Irão cumpriu os seus compromissos. O acordo oferecia ao país um alívio das sanções em troca da limitação das suas ambições nucleares.

Mas em 2018, Donald Trump retirou unilateralmente o seu país do acordo. As sanções dos EUA foram reintroduzidas e a economia iraniana nunca recuperou.

Em retaliação a esta retirada, o Irão, por sua vez, renegou os seus compromissos e avançou com o seu programa nuclear.

Nos últimos anos, falharam todas as tentativas de reavivar o acordo de 2015.

O texto é válido até outubro deste ano e alguns países não excluem a possibilidade de voltar a impor sanções contra o Irão depois dessa data.

Nos últimos meses, o Irão realizou várias rondas de conversações com a Alemanha, a França e o Reino Unido (conhecido como o grupo E3) sobre o seu programa nuclear.

Mao Ning, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, afirmou na quinta-feira que o objetivo das conversações de hoje em Pequim é "reforçar a comunicação e a coordenação, de modo a retomar o diálogo e as negociações numa data próxima".

O porta-voz da diplomacia iraniana, Esmaïl Baghaï, disse esta semana que as conversações devem centrar-se nos "recentes desenvolvimentos relacionados com a questão nuclear e o levantamento das sanções" impostas ao Irão.

Desde o seu regresso à Casa Branca, Donald Trump tem-se declarado disposto a falar com o Irão sobre um acordo nuclear. Revelou que tinha escrito uma carta nesse sentido aos dirigentes iranianos, alertando para a possibilidade de uma ação militar se Teerão recusasse.

"Esta ameaça é imprudente", foi a resposta dada na quarta-feira pelo líder supremo do Irão, Ayatollah Ali Khamenei, que tem a última palavra em todas as decisões estratégicas do seu país. O líder iraniano afirmou que Teerão é "capaz de retaliar".

Donald Trump foi o arquiteto de uma política de "pressão máxima" contra o Irão durante o seu primeiro mandato (2017-2021), restabelecendo sanções para enfraquecer economicamente o país e isolá-lo na cena internacional.

O Presidente dos EUA, embora se declare aberto a negociações, reforçou as sanções contra Teerão.

No mês passado, Washington anunciou uma nova série de medidas contra indivíduos, empresas e navios acusados de contornar as sanções já em vigor contra o petróleo iraniano.

No final de fevereiro, o chefe da diplomacia iraniana, Abbas Araghchi, excluiu qualquer "negociação direta" com os Estados Unidos no contexto atual.

Leia Também: Autoridades iranianas avaliam resposta a carta de Trump sobre programa nuclear

FONTE: https://www.noticiasaominuto.com/mundo/2746673/china-irao-e-russia-iniciam-dialogo-sobre-programa-nuclear-de-teerao?utm_source=rss-mundo&utm_medium=rss&utm_campaign=rssfeed


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