Clima. Custo dos eventos extremos deixa de ser monitorizado nos EUA

  • 09/05/2025

Este é o exemplo mais recente das alterações ao funcionamento desta agência e da limitação dos recursos federais destinados à ação focada naquela rutura.

 

A NOAA está integrada no Departamento do Comércio e tem a função de fazer previsões meteorológicas diárias, alertar para a aproximação de tempestades e monitorizar o clima. Tem ainda relações com o Serviço Meteorológico Nacional.

A agência informou que os seus Centros Nacionais para a Informação Ambiental vão deixar de atualizar a sua base de dados Desastres Meteorológicos e Climáticos com custos superiores a mil milhões de Dólares além de 2024 e que, além disso, a informação, que recua a 1980, vai ser arquivada.

Durante décadas, a NOAA acompanhou centenas de eventos extremos nos EUA, incluindo furacões, tempestades de granizo, secas e nevões, que totalizaram prejuízos de biliões (milhão de milhões) de dólares.

A base de dados obtém a sua informação da agência federal de gestão de emergências (FEMA, na sigla em Inglês), companhias de seguros, agências estaduais e outras para estimar o custo total dos eventos extremos individualmente considerados.

Os cientistas têm avisado que estes eventos estão a tornar-se mais frequentes, destrutivos e fortes com as alterações climáticas.  

Entre os exemplos destes eventos estão, mencionaram, a recente vaga de calor, o furacão Milton, os fogos florestais no sul da Califórnia e o frio extremo.

Avaliar o impacto destes eventos, alimentados pela rutura climática, é essencial para o cálculo dos prémios de seguro, em especial nos aglomerados mais sujeitos a inundações, tempestades e incêndios.

A indústria seguradora tem sofrido com estes eventos extremos e os proprietários de casas estão em risco de ver os prémios crescerem de forma acentuada.

Uma limitação da base de dados é que apenas colige os eventos mais destrutivos.

A informação é vista como padronizada e não replicável, uma vez que a NOAA tem acesso a informação que não é pública, e outras bases de dados privadas seriam mais limitadas na dimensão e não tão difundidas, desde logo por razões de propriedade.

Jeff Masters, meteorologista na Yale Climate Connections, considerou a base de dados da NOAA como "o padrão para avaliar os custos dos eventos extremos".

Apesar de haver fontes alternativas, como as seguradoras ou as bases de dados internacionais, a perda da base da NOAA "é muito relevante, uma vez que ocorre quando se precisa de compreender melhor como é que as alterações climáticas estão a aumentar os prejuízos causados pelos desastres".

Estas decisões também "não mudam o facto d que estes desastres estão a ser cada vez mais graves, ano após ano", apontou Kristina Dahl, vice-presidente para a Ciência da organização ambiental com fins não-lucrativos Climate Central.

"Os eventos climáticos extremos que causam destruição elevada são uma das formas mais básicas que as pessoas têm para ver que o clima está a mudar e a afetá-las", acentuou.

Kristina Dahl considerou "crítico" destacar estes eventos quando ocorrem, uma vez que "todas estas mudanças climáticas vão aumentar os riscos para as pessoas".

A alteração, noticiada hoje pela CNN, é o esforço mais recente de Donald Trump para remover referências à rutura climática e ao impacto dos gases com efeito de estufa do léxico e dos documentos oficiais.

Trump, pelo contrário, tem favorecido os aliados que operam nas indústrias poluentes do carvão, petróleo e gás, que têm ligadas pelos cientistas à rutura climática.

Esta alteração na capacidade da NOAA segue-se a outras, como o despedimento de mais de 10% dos trabalhadores, com analistas a apontarem a deterioração das previsões meteorológicas e o risco que aquela redução de capacidades coloca às vidas humanas e à economia dos EUA.

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FONTE: https://www.noticiasaominuto.com/mundo/2782494/clima-custo-dos-eventos-extremos-deixa-de-ser-monitorizado-nos-eua?utm_source=rss-mundo&utm_medium=rss&utm_campaign=rssfeed


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