"Europa deve preparar-se para o pior para evitar o pior", diz comissário
- 11/03/2025
"Mais do que nunca, a Europa deve preparar-se para o pior para evitar o pior, a possibilidade de agressão militar contra nós. Esta preparação é a única forma de evitar o pior", frisou Andrius Kubilius, num debate no Parlamento Europeu sobre o Livro Branco sobre o futuro da defesa europeia, que a Comissão Europeia deverá apresentar na próxima semana.
O lituano alertou que a indústria militar russa está a "trabalhar a plena capacidade" e que Moscovo "pode estar pronta para um confronto com a NATO dentro de cinco anos ou menos".
Destacou ainda que as ações dos EUA são "um alerta", referindo-se à "mudança de política e viragem" de Washington em relação à Ásia.
"A realidade geopolítica está a mudar diante dos nossos olhos. Mais do que nunca, precisamos de nos manter firmes. Assumir o controlo da nossa própria defesa e dissuasão. Mais do que nunca, precisamos de apoiar e defender a Ucrânia", apontou.
Kubilius admitiu que deve haver paz na Ucrânia, "mas uma paz forte, uma paz através da força real".
"Uma paz com a Ucrânia e a Europa à mesa. Uma paz justa, não apenas uma pausa para a Rússia lamber as suas feridas e iniciar uma nova guerra, uma guerra maior. Uma paz forte também significa uma Europa forte, capaz de dissuadir agressões e evitar a guerra", lembrou.
O comissário europeu da Defesa disse que, para o fazer, é necessário "repensar completamente a indústria de defesa", acrescentando: "as lacunas são colossais entre as defesas que temos e aquelas de que precisamos para proteger a nossa população".
Para Andrius Kubilius, "não basta gastar mais. Gastar mais num mercado fragmentado só o fragmentará ainda mais. Gastar mais também pode significar mais fora da UE".
"Isso só aumentará a nossa dependência. Precisamos de gastar melhor, em conjunto e de uma forma europeia. Trabalhar em conjunto na investigação e no desenvolvimento. Construir mais pontes entre a investigação e a inovação civil e militar", frisou.
O político lituano alertou também que a inteligência artificial e a tecnologia quântica "vão alterar a natureza da guerra".
"Esta é a maior crise de segurança das nossas vidas, e agora temos de tomar as grandes decisões. Toda a Europa é o alvo da agressão russa. Somos todos Estados-membros da linha da frente", vincou.
Kubilius sublinhou que a situação atual "vai definir a história da Europa e da União Europeia".
"Este é um momento único numa geração. Estamos perante um perigo claro e presente que nenhum de nós viu nas nossas vidas", realçou.
O ministro polaco dos Assuntos Europeus, Adam Szlapka, cujo país ocupa a presidência do Conselho da UE neste semestre, afirmou que os laços transatlânticos devem ser preservados.
"As medidas tomadas recentemente pelo governo dos EUA podem preocupar-nos, mas este é o nosso interesse existencial e devemos mantê-lo acima dos acontecimentos políticos atuais", explicou.
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