Filha do ex-presidente sul-africano detida por incitamento ao terrorismo
- 30/01/2025
Em causa estão publicações nas redes sociais antes e durante os tumultos que abalaram o país há quatro anos e causaram mais de 350 mortos.
Duduzile Zuma-Sambudla, que é deputada, foi libertada sob aviso - que é semelhante a uma fiança sem necessidade de depósito de dinheiro - enquanto o seu caso foi transferido para um tribunal superior para continuar em março.
O seu advogado afirmou que esta fez publicações nas redes sociais sobre os motins de julho de 2021, mas negou que tenham incitado à violência.
Os motins, desencadeados pelo facto de Jacob Zuma ter sido enviado para a prisão por desrespeito ao tribunal por se recusar a testemunhar num inquérito sobre a corrupção generalizada do Governo durante o período em que foi Presidente, de 2009 a 2018, foram alguns dos piores distúrbios civis a que a África do Sul assistiu desde o fim do sistema de 'apartheid' da minoria branca em 1994.
Durante mais de uma semana, multidões enfurecidas envolveram-se em pilhagens generalizadas de lojas e armazéns, fogo posto e destruição de propriedade e mais de 5.000 pessoas foram detidas.
Mais de 60 pessoas já tinham sido detidas por alegadamente incitarem à violência durante os distúrbios, que as autoridades dizem ter sido alimentados por apoiantes de Jacob Zuma numa "insurreição" contra o atual Presidente, Cyril Ramaphosa, o homem que substituiu Zuma como líder do país e do partido no poder, o Congresso Nacional Africano.
Zuma-Sambudla, de 42 anos, foi acusada de incitar os manifestantes a causar mais danos durante os tumultos como sinal de apoio ao seu pai. A polícia disse que se entregou numa esquadra de polícia na cidade de Durban, no leste do país, esta manhã.
Os promotores disseram que Zuma-Sambudla enfrenta acusações de incitamento ao terrorismo e incitamento à violência pública, de acordo com uma lei que trata de ameaças ao Estado. Segundo os procuradores, Zuma-Sambudla fez publicações e discursos nas redes sociais em junho e julho de 2021 e a "consequência natural e provável" das suas declarações "seria a prática de violência pública".
Embora se acreditasse que a detenção de Jacob Zuma fosse o único catalisador dos motins, uma investigação posterior concluiu que estes foram também parcialmente estimulados pela frustração e pela pobreza, numa altura em que a África do Sul se encontrava sob um confinamento severo devido à pandemia de covid-19.
A acusação de Zuma-Sambudla é suscetível de alimentar as tensões políticas na África do Sul, no meio de uma contenda contínua entre Zuma e Ramaphosa.
Zuma, de 82 anos, também esteve presente no tribunal, enquanto os apoiantes do novo partido político que lidera atualmente, após a sua expulsão do Congresso Nacional Africano, se reuniram no exterior.
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