Filho de diretora-adjunta da CIA morto a lutar pela Rússia na Ucrânia
- 26/04/2025
Um cidadão norte-americano, identificado como filho de uma diretora-adjunta da Agência Central de Inteligência (CIA) dos Estados Unidos, morreu enquanto combatia pela Rússia no leste da Ucrânia, em 2024.
Segundo o The Guardian, que cita uma investigação dos meios de comunicação social russos independentes, Michael Alexander Gloss, de 21 anos, era filho de Juliane Gallina, nomeada diretora-adjunta para a inovação digital da CIA em fevereiro de 2024, e tinha sido contratado pelas Forças Armadas da Rússia.
Num obituário publicado pela família foi apenas revelado que Gloss morreu a 4 de abril de 2024 na "Europa de Leste".
"Com o seu coração nobre e espírito guerreiro, Michael estava a forjar a sua própria jornada de herói quando foi tragicamente morto na Europa de Leste a 4 de abril de 2024", lia-se no obituário, sem fazer referência à Rússia ou à Ucrânia.
De acordo com o site de investigação russo iStories, o jovem autodescreveu-se como "um apoiante do mundo multipolar" no seu perfil na rede social Vkontakte. "Fugi de casa e viajei pelo mundo. Odeio o fascismo. Amo a minha pátria", escreveu.
Michael Alexander Gloss é, de acordo com o iStories, um dos mais de 1.500 estrangeiros que assinaram contratos com as Forças Armadas russas desde fevereiro de 2022 e terá começado a lutar pela Rússia em setembro de 2023.
Michael Gloss, CIA Deputy Director’s son, signed a contract with the Russian Army and died in the war in Ukraine.
— IStories Media (@istories_eng) April 25, 2025
This is the remarkable story of how a 21-year-old climate activist and peace advocate ended up in the Donbas trenches https://t.co/3HsU9rYpdm
Segundo fontes, foi destacado para as "unidades de assalto", ou seja, para a linha da frente, em dezembro de 2023, e enviado para um regimento aéreo russo para atacar posições ucranianas perto da cidade de Soledar, na região de Donetsk.
Ativista pelo ambiente e defensor da igualdade de género, Gloss viajou para Hatay, na Turquia, para ajudar após os sismos da Síria e da Turquia, em 2023. Um conhecido adiantou à iStories que foi nessa altura que começou a manifestar o desejo de ir para a Rússia.
"Ele costumava ver vídeos sobre a Palestina e estava muito zangado com a América", contou. "Começou a pensar em ir para a Rússia. Ele queria entrar em guerra com os EUA. Mas acho que ele foi muito influenciado por vídeos de teoria da conspiração."
Após alistar-se no exército russo, em Moscovo, Gloss foi enviado para um campo de treino, onde treinou sobretudo ao lado de soldados nepaleses contratados. Três meses depois de se alistar, segundo um conhecido, foi destacado para a Ucrânia.
No entanto, fontes adiantaram ao iStories que Gloss não estava interessado em combater, mas esperava que o exército lhe permitisse obter um passaporte russo e permanecer no país.
As circunstâncias da morte de Gloss não são conhecidas e um amigo adiantou que o governo russo disse apenas que "ele morreu dentro das fronteiras da Ucrânia".
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