Guterres condena ataques israelitas em Gaza
- 29/10/2025
"O secretário-geral condena veementemente as mortes causadas pelos ataques aéreos israelitas contra civis em Gaza ontem [terça-feira], incluindo muitas crianças", declarou aos jornalistas o porta-voz de António Guterres.
Stéphane Dujarric acrescentou que o secretário-geral da ONU condenou igualmente "todas as ações que prejudicam o cessar-fogo e colocam em perigo civis", referindo-se à trégua em vigor desde 10 de outubro entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas.
Nesse sentido, Guterres pediu às partes para que respeitem os termos do compromisso e evitem "qualquer ação que ameace civis ou dificulte a ajuda humanitária" ao território.
Os ataques israelitas na terça-feira à noite e esta madrugada mataram pelo menos 104 pessoas, incluindo 46 crianças, segundo os hospitais e a Defesa Civil das autoridades do enclave palestiniano, controladas pelo Hamas.
Antes dos ataques aéreos, Israel acusou o Hamas de violar o cessar-fogo e de abater um soldado israelita na terça-feira em Rafah, no sul do enclave palestiniano, uma alegação rejeitada pelo movimento.
Além disso, a decisão de atacar a Faixa de Gaza foi tomada no seguimento de um incidente relacionado com a entrega de um corpo de um refém mantido na Faixa de Gaza, ocorrida na segunda-feira à noite, ao abrigo do acordo de cessar-fogo.
Análises forenses mostraram que os restos mortais devolvidos pelo Hamas pertenciam a um antigo refém já recuperado e sepultado há quase dois anos e não a um dos 13 corpos ainda por entregar.
Depois dos primeiros ataques israelitas na terça-feira, o Hamas adiou a devolução de um corpo prevista para o mesmo dia.
Já hoje e depois de ter anunciado que regressava ao cessar-fogo, Israel voltou a bombardear um alegado depósito de armas no norte da Faixa de Gaza, para "eliminar uma ameaça de ataque terrorista".
Nos primeiros dias do cessar-fogo, o Hamas entregou os últimos 20 reféns vivos que mantinha no enclave palestiniano, mas desde então apenas 15 dos 28 que estavam mortos, alegando dificuldades em encontrar os corpos entre os escombros do território devastado por mais de dois anos de conflito.
Em troca dos reféns, Israel libertou quase dois mil presos palestinianos e entregou 195 corpos.
A primeira fase do acordo, impulsionado pelos Estados Unidos e negociado ao longo de vários dias com a mediação de outros países (Egito, Qatar e Turquia), prevê a retirada parcial das forças israelitas do enclave e o acesso de ajuda humanitária ao território.
A etapa seguinte do entendimento, ainda por acordar, prevê a continuação da retirada israelita, o desarmamento do Hamas, bem como a reconstrução e a futura governação do enclave.
A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada pelos ataques liderados pelo Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, nos quais morreram cerca de 1.200 pessoas e 251 foram feitas reféns.
Em retaliação, Israel lançou uma operação militar em grande escala na Faixa de Gaza, que causou mais de 68 mil mortos, segundo as autoridades locais, a destruição de quase todas as infraestruturas do território e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.
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