Le Pen quer eleições e avisa que pode censurar o novo primeiro-ministro
- 17/09/2025
"Se não houver rutura, haverá censura", disse Le Pen perante a imprensa, à saída do encontro na residência oficial do primeiro-ministro, em Matignon, onde esteve acompanhada pelo seu número dois, Jordan Bardella.
Contudo, a líder afirmou que não é "uma abordagem dogmática" e que o seu partido tem intenção de analisar a orientação política de Lecornu, embora tenha deixado claro que não espera uma viragem em relação às políticas que os sucessivos governos do Presidente Emmanuel Macron têm seguido desde 2017.
Nesse sentido, Le Pen recordou que Lecornu fez parte de todos os governos nos últimos oito anos e é alguém "muito próximo" do chefe de Estado francês, de tal forma que "não só participou, como apoiou a totalidade das políticas" que colocaram o país na situação atual, criticando assim Emmanuel Macron por se recusar a convocar eleições antecipadas.
"Quando há uma crise como a que vivemos, só há uma solução: voltar às urnas. Por isso mantemos que é necessário regressar às urnas através de uma dissolução [da Assembleia Nacional] ou da demissão do Presidente da República", referiu.
Questionada sobre se vê diferenças entre Lecornu e o seu antecessor, François Bayrou - que teve de se demitir depois de perder, no passado dia 08 de setembro, uma moção de confiança pelo ajustamento orçamental de 44 mil milhões de euros para 2026 - a líder da extrema-direita mostrou cautela.
"Por agora, as suas intenções ficam-se pelas intenções", afirmou, acrescentando que falta ver que rumo tomará com "anúncios, decisões, um orçamento".
"Lecornu deve provar que rompe com a política de Macron", insistiu.
O novo chefe do Governo francês também recebeu os líderes do Partido Socialista (PS), que lhe apresentaram as suas condições antes de um dia de protestos sindicais que se prevê massivo e que aumentará a pressão.
O primeiro secretário do PS, Olivier Faure, ao sair da sua reunião com Lecornu, explicou que, ao contrário da extrema-direita, não pedem eleições antecipadas nem a demissão de Emmanuel Macron, mas sim uma mudança radical nas políticas dos sucessivos governos.
Faure pediu uma ruptura com o plano de ajuste do ex-primeiro-ministro.
"Dissemos-lhe muito claramente que, se está aí para fazer o mesmo que François Bayrou, as mesmas causas produzirão os mesmos efeitos e censurá-lo-emos", avisou.
"Se não estiver disposto a compreender, censuraremos. Se estiver disposto a aceitar o que lhe explicámos, se estiver disposto a sair do estado depressivo em que François Bayrou colocou o país, haverá matéria para discutir", afirmou, mostrando a sua disponibilidade para chegar a compromissos.
Após a sua nomeação por Macron, em 9 de setembro, Lecornu iniciou uma ronda de contactos com líderes sindicais, patronais e partidários, dentro do mandato dado pelo Presidente para procurar um consenso que permita aprovar o orçamento de 2026 e formar governo.
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