Ligações ilegais levam quase um quarto da eletricidade de Cabo Verde
- 29/10/2025
"As perdas são um problema" que, ainda assim, se tem reduzido: de 27,3% em 2016 para 22,7% da energia produzida, em 2024, referiu Ulisses Correia e Silva, estimando o prejuízo mensal em 1,7 milhões de euros.
"A maior parte das perdas técnicas estão concentradas no roubo de energia e a maior parte na ilha de Santiago", detalhou, em resposta ao deputado António Monteiro, da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID).
O deputado suscitou a questão, ao perguntar o que é o Governo pensa fazer, tendo em conta que "a perda de energia na ilha de Santiago [e capital, Praia] equivale à produção na central elétrica da ilha de São Vicente", segunda ilha mais povoada.
"Isto é uma aberração, é inaceitável e não vemos qualquer atitude do Governo para ajudar a Electra a debelar esta situação", acrescentou.
As perdas, a par de dívidas acumuladas junto das empresas públicas de eletricidade, contribuem para que não haja recursos para manutenção de geradores, referiu António Monteiro, numa alusão aos apagões que desde início de setembro afetam a capital, Praia, e a que o primeiro-ministro prometeu pôr cobro.
Ulisses Correia e Silva referiu que já se avançou com "a criminalização desta tipologia de crime" de desvio de eletricidade e, desde 2017, foram abertos 6.584 processo-crime, com 1.102 condenações e mais de cinco mil a aguardar decisão.
O primeiro-ministro referiu que "há urbanização desestruturada, com assentamentos e construções que não cumprem requisitos para ter acesso às redes, e as pessoas desenrascam-se utilizando indevidamente a energia".
Neste contexto, considera que é necessário "trabalho de sensibilização", a par de uma ação da justiça que "tem de ser efetiva relativamente à punição" de uma prática "que não pode entrar na normalidade" da gestão pública.
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