Mais de metade dos alemães e dos britânicos consideram Trump "ditador"
- 08/03/2025
A sondagem do 'think tank' (laboratório de ideias) francês Destin Commun, citada pela Agência France Presse, é divulgada numa altura em que a Ucrânia, em guerra com a Rússia desde a invasão de há três anos, enfrenta fortes críticas de Donald Trump.
Trump tem exigido um cessar-fogo imediato e, ao receber o presidente ucraniano na Sala Oval, criticou-o, afirmando que não está "pronto para a paz" e disse-lhe que "não tem as cartas" para ditar os termos do fim da guerra.
O presidente norte-americano acabou por congelar a ajuda militar dos Estados Unidos a Kiev, essencial para a Ucrânia, depois de Zelensky ter abandonado Washington sem assinar o acordo que concedia aos Estados Unidos o acesso aos minerais estratégicos da Ucrânia.
Na quarta-feira, o chefe de Estado norte-americano admitiu restabelecer a ajuda à Ucrânia se as conversações de paz forem retomadas, segundo o conselheiro da Casa Branca para a Segurança Nacional, Mike Waltz.
Cerca de 35% dos inquiridos franceses sentem mais simpatia por Zelensky desde o encontro do presidente da Ucrânia com Trump na Casa Branca e apenas 9% dizem que sentem menos.
Além disso, apenas 25% dos franceses consideram os Estados Unidos um país aliado e mais de metade (57%) "parece ter dificuldade em qualificar a relação, hesitando em reconhecer uma potencial reversão da aliança".
Em relação à possibilidade de uma guerra na Europa, 60% dos franceses consideram provável que a Rússia invada outros países europeus nos próximos anos, contra 68% dos britânicos e polacos e 53% dos alemães.
Quase oito em cada dez franceses (76%) dizem estar preocupados ou muito preocupados com "uma extensão do conflito [entre Rússia e Ucrânia] na Europa nos próximos anos".
A maioria dos polacos e dos britânicos (66%) querem continuar a apoiar a Ucrânia, mesmo sem o apoio dos Estados Unidos. Em França são 57% e na Alemanha 54%.
A possibilidade do envio de missão de manutenção da paz, após a celebração de um acordo, não alcança unanimidade, reunindo 57% de opiniões "bastante ou completamente" favoráveis no Reino Unido, 44% em França, 41% na Alemanha e 27% na Polónia.
A sondagem do Destin Commun foi realizada 'online' em França, na Polónia, na Alemanha e no Reino Unido a mais de mil pessoas em cada país, de acordo com um método de quotas (género, idade, profissão, nível de educação e região).
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após o desmoronamento da União Soviética - e que tem vindo a afastar-se da esfera de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada por Moscovo em 2014.
As Forças Armadas ucranianas confrontaram-se, durante o terceiro ano de guerra, com falta de soldados e de armamento e munições, apesar das reiteradas promessas de ajuda dos aliados ocidentais, que começaram depois a concretizar-se.
As tropas russas, mais numerosas e mais bem equipadas, prosseguem o seu avanço na frente oriental, apesar da ofensiva ucraniana na Rússia, na região de Kursk, e da autorização dada à Ucrânia pelo então Presidente norte-americano cessante, Joe Biden, para utilizar mísseis de longo alcance fornecidos pelos Estados Unidos para atacar a Rússia.
As negociações entre as duas partes estão completamente bloqueadas desde a primavera de 2022, com Moscovo a continuar a exigir que a Ucrânia aceite a anexação de uma parte do seu território.
A novidade é que agora também o novo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, quer terras: terras raras, ricas em minerais essenciais para inovações tecnológicas, que vão desde veículos elétricos e turbinas eólicas a aviões de última geração, em troca da ajuda militar que Washington lhe forneceu e que entretanto suspendeu.
Antes de regressar à Casa Branca para um segundo mandato presidencial, Trump defendeu o fim imediato da guerra na Ucrânia, asseverando que o conseguiria em 24 horas, mas não foi bem-sucedido até à data.
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