PR quer Moçambique a aproveitar "oportunidade única" do Coral Norte
- 02/10/2025
"Estão reservados 800 milhões de dólares (683 milhões de euros) em contratos para empresas nacionais nos primeiros seis anos, podendo este valor atingir três mil milhões de dólares (2.563 milhões de euros) ao longo de todo o projeto", disse, ao intervir, em Maputo, na cerimónia de assinatura da Decisão Final de Investimento (FID, na sigla em inglês) da nova plataforma flutuante de Gás Natural Liquefeito (GNL) Coral Norte.
Os parceiros da Área 4 da Bacia do Rovuma, ao largo de Cabo Delgado, Eni, Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH), CNPC, Kogas e XRG assinaram esta tarde a FID para aquele novo projeto, de 7,2 mil milhões de dólares (6,2 mil milhões de euros), cópia do Coral Sul, também operado pela Eni e a produzir desde 2022, que duplicará a partir de 2028 a produção moçambicana de GNL para sete milhões de toneladas anuais (mtpa).
"Trata-se de uma oportunidade única para as micro, pequenas e médias empresas nacionais se capacitarem técnica e financeiramente, tornando-se competitivas e fornecedoras no mercado global. É esta a nossa visão, por isso criámos vários fundos, entre os quais o Fundo de Garantia Mutuária para que as pequenas e médias empresas nacionais possam-se fortificar e tenham esta oportunidade de negócio", disse Chapo.
Acrescentou que este projeto "não é apenas uma obra de engenharia" e sim uma "esperança para o povo moçambicano", por chegar "num momento em que Moçambique enfrenta desafios macroeconómicos e sociais importantes", como "pressões" na balança de pagamentos, "necessidade urgente de criação de emprego" e o "imperativo de diversificação" da economia.
"Para que as receitas não venham só do gás, mas venham do turismo, da agricultura, de energia e de outras áreas económicas tradicionais de desenvolvimento de Moçambique, incluindo a indústria. O Coral Norte deve ser um pilar de estabilidade económica e social de Moçambique, um catalisador de industrialização e um instrumento de prosperidade inclusiva entre os moçambicanos", defendeu o chefe de Estado.
Sublinhou que o ato de hoje "não é apenas uma formalidade", antes "representa a afirmação clara e inequívoca de que Moçambique se posiciona, de forma decisiva, como um ator energético global", face ao desempenho do consórcio (Coral Sul e Coral Norte).
"Este projeto demonstrou que Moçambique pode competir nos mercados globais mais exigentes, ao mesmo tempo que nos trouxe lições sobre a importância da boa governação, da transparência e da gestão responsável das receitas para o desenvolvimento de Moçambique e criar melhores condições de vida para o povo moçambicano", disse.
No plano social o empreendimento "deverá gerar mais de 1.400 empregos diretos e indiretos", acrescentando que "espelha o compromisso assumido" pelo Governo, "de melhorar os termos dos contratos de concessão", recordando que foi possível negociar e "assegurar até 25% do gás para o mercado doméstico" e 100% do condensado alocado à Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH)" e o "envolvimento" das empresas estatais CFM e Emodraga na prestação de serviços marítimos e logística naval.
"Criando bases sólidas para maior envolvimento de empresas nacionais na prestação de serviços à indústria petrolífera", sublinhou, defendendo que o seu "sucesso" depende também da "capacidade" de Moçambique "de geri-lo com responsabilidade, competência, humildade, transparência e, sobretudo, boa governação".
O Presidente considerou necessário "assegurar que o gás doméstico e o condensado cheguem nas quantidades acordadas e a preço acessível" às indústrias e famílias moçambicanas, garantindo igualmente a sustentabilidade da petrolífera estatal ENH.
"Garantir a formação contínua da nossa juventude e a transferência de tecnologia. Investir na boa governação e na transparência da gestão da coisa pública, das receitas, para que cada moçambicano veja neste projeto não apenas estatísticas, mas melhorias concretas na sua vida e, sobretudo, em infraestruturas, agricultura, no comércio, na indústria e naquilo que é fundamental, que é fazer chegar comida na mesa de cada moçambicano", concluiu.
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