Sobrevivente de Auschwitz dá medalha após aliança com extrema-direita

  • 30/01/2025

"Receio que a história se esteja a repetir", confessou aos jornalistas o sobrevivente alemão do Holocausto Albrecht Weinberg, que fará 100 anos em março e que regressou ao seu país há vinte anos, depois de ter passado mais de 60 anos nos Estados Unidos.

 

A moção da União Democrata Cristã (CDU) e do partido irmão na Baviera, a CSU, que foi aprovada esta quarta-feira no parlamento alemão, com o apoio dos Liberais do FDP e do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), tem gerado muita contestação no país que vai a eleições em 23 de fevereiro.

Desde a Segunda Guerra Mundial, os partidos moderados tradicionais da Alemanha sempre excluíram a cooperação com a extrema-direita a nível federal, uma regra que descrevem como um "cordão sanitário".

"O que vivi na minha juventude foi muito perigoso e horrível", disse Weinberg. Quarenta membros da sua família foram mortos por gaseamento pelo regime nazi.

Em 2017, foi agraciado com a Cruz da Ordem de Mérito Alemã - a mais alta condecoração do país - porque visita regularmente escolas e colégios para falar sobre a perseguição que ele e a sua família sofreram durante o Terceiro Reich.

A votação de quarta-feira no Bundestag, que marca um ponto de viragem na campanha eleitoral alemã antes da votação de 23 de fevereiro, teve lugar poucas horas antes da comemoração do 80º aniversário da libertação do campo de Auschwitz.

A votação desencadeou várias manifestações espontâneas a repudiar esta aproximação à extrema-direita marcadas para a sede dos conservadores e pontos da campanha.

A discussão sobre o tema tem sido acentuada por vários atos de violência recentes envolvendo estrangeiros, em particular um esfaqueamento em Aschaffenburg, na semana passada, um ataque num mercado de Natal em Magdeburg, que matou seis pessoas em dezembro, e outro esfaqueamento em Solingen, no verão passado, em que morreram três pessoas.

A antiga chanceler alemã, Angela Merkel, também se distanciou hoje do líder do seu partido, a CDU: "Seria errado deixar de me sentir vinculada a esta proposta e, assim, permitir, pela primeira vez, uma maioria com os votos da AfD numa votação do parlamento alemão", escreveu na sua página oficial.

A CDU está à frente nas sondagens com cerca de 30% dos votos. Os analistas políticos acreditam que a aprovação da moção para travar a imigração ilegal e melhorar a segurança na Alemanha com a ajuda da extrema-direita pode ter impacto nos resultados.

A proposta de Merz assentava em cinco pontos que incluíam a proibição de imigrantes sem documentos válidos e o controlo permanente em todas as fronteiras da Alemanha.

O texto recebeu 348 votos a favor, 345 contra e 10 abstenções. O SPD de Scholz e os Verdes - em coligação no governo minoritário - rejeitaram a proposta, após condenarem a aproximação do líder democrata-cristão, Friedrich Merz, à extrema-direita, que os sociais-democratas classificaram como "a quebra de um tabu". Também a esquerda votou contra.

Leia Também: Migrações. Moção com extrema-direita gera protestos na Alemanha

FONTE: https://www.noticiasaominuto.com/mundo/2718413/sobrevivente-de-auschwitz-da-medalha-apos-alianca-com-extrema-direita?utm_source=rss-mundo&utm_medium=rss&utm_campaign=rssfeed


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