Afeganistão. Médicos alertam para "escassez de medicamentos"
- 06/09/2025
Esta situação, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), afeta mais da metade das aldeias na zona afetada.
O aviso dos médicos no terreno é corroborado pelos dados. Uma primeira avaliação do agrupamento de Saúde da ONU em 17 aldeias revelou que 52% delas não dispunham de medicamentos suficientes ou adequados e 53% careciam dos suprimentos médicos necessários para enfrentar a emergência causada pelo sismo, que matou mais de 2.000 pessoas.
«Estes medicamentos não são suficientes, nem estes serviços. Estas pessoas precisam de mais medicamentos, tendas, comida e água potável», declarou o médico Shamsher Khan a partir de um dos campos, num testemunho recolhido pela televisão afegã TOLOnews.
As carências ocorrem num sistema de saúde já colapsado, pois além dos 16 centros de saúde danificados pelo terramoto, 80 já tinham fechado na mesma região devido a cortes anteriores no financiamento, deixando mais de meio milhão de pessoas sem assistência médica antes do desastre.
O Dr. Fazal Hadi, da Médicos Sem Fronteiras, disse esta semana que os hospitais «já estavam a funcionar a plena capacidade antes do terramoto» e que os profissionais de saúde «precisavam de suprimentos».
Para os sobreviventes, a falta de recursos acresce à perda dos entes queridos.
"Perdi cinco membros da minha família: os meus pais, dois dos meus filhos e minha sobrinha. Não nos resta nada", contou Ebadullah, uma das vítimas.
Em resposta à crise, a Organização Mundial da Saúde (OMS) entregou 23 toneladas de suprimentos médicos a oito centros de saúde e está a mobilizar 36 toneladas a partir do Dubai, enquanto organizações como Médicos Sem Fronteiras (MSF) distribuíram kits de traumatologia em hospitais sobrecarregados.
Contudo, a escala da devastação e as dificuldades de acesso a zonas remotas fazem com que a ajuda chegue aos poucos.
O terramoto que atingiu o leste do Afeganistão foi registado às 23:47, hora local, de 31 de agosto, com uma magnitude de 6,0 e um hipocentro a apenas 8 quilómetros de profundidade.
A pouca profundidade do sismo multiplicou o seu poder destrutivo sobre as vulneráveis casas de adobe da região montanhosa do Hindu Kush, atingindo as famílias enquanto dormiam.
De acordo com os últimos números consolidados pelo governo talibã, a catástrofe causou, pelo menos, 2.205 mortos, mais de 3.640 feridos e aproximadamente 6.700 casas completamente ficaram destruídas, sobretudo nas províncias de Kunar e Nangarhar.
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