Agência da ONU prevê que camada de ozono deverá estar recuperada até 2066
- 16/09/2025
A Organização Meteorológica Mundial (WMO, na sigla em inglês) indicou que o buraco sobre a Antártida, que surge a cada primavera austral, atingiu o nível máximo em 29 de setembro, um défice de 46,1 milhões de toneladas.
No relatório anual sobre o assunto, a agência sublinhou que este número é inferior à média entre 1990 e 2020 e aos números registados em 2020 e 2023, quando o défice de massa de ozono ultrapassou 50 mil toneladas.
"Isto foi seguido por uma recuperação relativamente rápida assim que este nível máximo foi atingido", indicou o documento, divulgado no Dia Internacional para a Preservação da Camada de Ozono.
Em 1994, a Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou o dia 16 de setembro como o Dia Internacional para a Preservação da Camada de Ozono, assinalando a data da assinatura, em 1987, do Protocolo de Montreal.
A WMO destacou ainda que a cobertura geral de ozono em todo o planeta foi superior à das medições anteriores.
"A tendência positiva a longo prazo reflete o sucesso da ação internacional coordenada", sublinha a agência, que celebra este ano o 40.º aniversário da assinatura da Convenção de Viena, sobre a proteção da camada de ozono.
A 16 de setembro de 2009, a Convenção de Viena e o Protocolo de Montreal tornaram-se os primeiros tratados na história da ONU a alcançar a ratificação universal.
Também hoje, o secretário-geral das Nações Unidas, o português António Guterres, enfatizou que os acordos de Viena e Montreal "foram um marco no multilateralismo".
"Agora que a camada de ozono está a 'recuperar', tal conquista recorda-nos que, quando as nações acatam os alertas da ciência, o progresso é possível", acrescentou o português, referindo-se aos esforços para combater as alterações climáticas.
Os níveis de ozono na atmosfera deverão regressar em 2066 aos níveis registados no Polo Sul antes da formação do buraco sobre a Antártida, embora os níveis normais regressem um pouco mais cedo no Ártico (por volta de 2045) e no resto do mundo (2040), de acordo com cálculos publicados em 2022.
Na segunda-feira, a associação ambientalista portuguesa Zero alertou para a lenta recuperação da camada de ozono, com a humanidade a continuar exposta a níveis elevados de radiação ultravioleta, com "impactos sérios na saúde, na agricultura e nos ecossistemas".
O ozono ocorre naturalmente na estratosfera, o chamado 'ozono bom', e protege a vida na Terra da radiação ultravioleta do sol.
Na baixa atmosfera, a troposfera, o chamado 'ozono mau', é criado por reações químicas entre poluentes dos escapes dos automóveis, vapores de gasolina e outras emissões, e aí em concentrações elevadas é tóxico para pessoas e plantas.
Leia Também: Lenta recuperação da camada de ozono mantém humanidade exposta a perigos