Amazónia perdeu em 40 anos cinco vezes a área de Portugal em floresta
- 16/09/2025
De acordo com o levantamento MapBiomas, coletivo de organizações não-governamentais, universidades e empresas de tecnologia que analisam dados sobre os biomas, a Amazónia brasileira, com 421 milhões de hectares e que ocupa quase metade do território brasileiro, perdeu, entre 1985 e 2024, 52 milhões de hectares (-13%) de área de vegetação nativa.
"A Amazónia brasileira está se aproximando da faixa de 20% a 25% prevista pela ciência como o possível ponto de não retorno do bioma, a partir do qual a floresta não consegue mais se sustentar", disse Bruno Ferreira, do MapBiomas, responsável pelo estudo.
"Já podemos perceber alguns dos impactos dessa perda de cobertura florestal, como nas áreas húmidas do bioma. Os mapas de cobertura e uso da terra na Amazónia mostram que ela está mais seca", detalhou.
Somando a superfície coberta com água, floresta alagável, campo alagável, apicum (zonas de planícies arenosas, salinizadas e de difícil vegetação) e mangues, houve uma retração de 2,6 milhões de hectares entre 1985 e 2024.
Ao longo dos últimos 40 anos, a pastagem foi a forma de uso do solo que mais cresceu na Amazónia: a área destinada ao gado saltou de 12,3 milhões de hectares em 1985 para 56,1 milhões em 2024.
A silvicultura foi a que mais se expandiu em termos percentuais. Em quatro décadas, passou de apenas 3,2 mil hectares para 352 mil hectares.
Já a área agrícola aumentou de 180 mil para 7,9 milhões de hectares, um crescimento equivalente a 4.321%.
Dentro da agricultura, três em cada quatro hectares convertidos para lavoura na Amazónia destinam-se a soja, que em 2024 já ocupava 5,9 milhões de hectares.
Nos últimos anos, a mineração também ganhou terreno, crescendo de 26 mil hectares em 1985 para 444 mil hectares em 2024.
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