Aristocrata e companheiro condenados a prisão pela morte da filha bebé

  • 16/09/2025

A aristocrata britânica Constance Marten, descendente de família próxima da realeza, e o seu companheiro foram condenados hoje a 14 e 18 anos de prisão, respetivamente, por homicídio por negligência da sua filha bebé.

 

Este caso, que começou com a fuga do casal no início de 2023 para se esconder da polícia e dos serviços sociais, atraiu a atenção dos britânicos e implicou dois julgamentos para se chegar ao veredicto, após o fracasso de um primeiro júri.

Ao pronunciar a sentença de Constance Marten, 38 anos, e Mark Gordon, 51 anos, hoje, o juiz insistiu na sua "conduta negligente" e no seu "desprezo flagrante" pelos riscos que a pequena Victoria corria, que dormia com eles numa tenda em pleno inverno.

Após os serviços sociais já terem retirado ao casal quatro dos seus filhos, por preocupações relativamente à capacidade do casal para cuidar deles, Constance Marten e Mark Gordon fizeram tudo para manter consigo o bebé, nascido no final de dezembro, sem qualquer assistência médica.

Mas, a polícia começou a persegui-los após a descoberta do seu carro em chamas no norte de Inglaterra, em janeiro de 2023.

O casal acabou por ser detido no final de fevereiro, em Brighton, no sul de Inglaterra, após quase dois meses a deslocar-se em táxis, a dormir em hotéis ou numa tenda e a pagar tudo em dinheiro, para não ser descoberto.

O corpo da bebé foi encontrado alguns dias depois num saco de supermercado num armazém.

O primeiro julgamento, em 2024, terminou, no entanto, sem um veredicto sobre a responsabilidade do casal pela morte da criança. Mas, o casal foi condenado por crueldade infantil e por ocultar o nascimento da bebé Vitória.

Já no segundo julgamento, o casal foi finalmente considerado culpado de homicídio involuntário. Mark Gordon foi condenado a uma pena de 14 anos de prisão, mas ainda lhe foram aplicados mais quatro anos de detenção devido à sua "perigosidade".

A autópsia não permitiu determinar a causa da morte do bebé, e o juiz decidiu condenar o casal, que sempre defendeu a tese de "acidente trágico", com base numa morte por "hipotermia" devido ao frio glacial.

Até ao fim, Constance Marten e Mark Gordon mantiveram-se solidários, evocando a sua "descrença" em relação às autoridades e perturbando repetidamente o desenrolar das audiências.

Várias vezes, recusaram-se a comparecer em tribunal, esgotaram vários advogados e Mark Gordon acabou por decidir assegurar sozinho a sua defesa.

Hoje mesmo, o juiz teve de interromper as alegações para chamar à ordem o casal, que trocava mensagens no banco dos réus.

O interesse dos britânicos por este caso deve-se, sem dúvida, e em grande parte, à trajetória de vida de Constance Marten, que contrasta bastante com a de Mark Gordon, filho de uma enfermeira, originária das Caraíbas e que passou 20 anos na prisão nos Estados Unidos por um estupro, que cometeu aos 14 anos.

Constance, por sua vez, é herdeira de uma família rica e aristocrática. O seu pai, Napier Marten, serviu Elizabeth II, antes de abandonar a sua fortuna e deixar o Reino Unido para viver na Austrália. A mãe da rainha era madrinha da avó paterna de Napier Marten.

Educada em escolas privadas e depois estudante de árabe e filosofia, Constance Marten trabalhou durante algum tempo para o canal Al Jazeera, antes de se dedicar à carreira de atriz.

Em 2014, conheceu Mark Gordon numa loja em Londres e o casal casou-se dois anos depois, no Peru, uma união não reconhecida no Reino Unido.

Durante os dois julgamentos, Constance Marten falou sobre as relações difíceis que mantinha com a sua família, que a levaram a romper todos os laços na década de 2010.

"Eles tinham vergonha do facto de eu ter tido filhos com Mark, de eles não serem da alta sociedade", afirmou.

 Constance Marten acusou a família de lhe ter cortado o sustento quando estava grávida do primeiro filho, mas a investigação revelou que ela recebeu pagamentos mensais de um fundo fiduciário herdado da sua avó.

Segundo o seu advogado, Tom Godfrey, Constance Marten sente "tristeza e remorsos" pela morte da sua filha Victoria.

Durante o primeiro julgamento, a mãe e o irmão assistiram frequentemente às audiências, sem que Constance Marten lhes dirigisse um olhar.

A mãe da criança já pediu para recorrer da condenação.

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FONTE: https://www.noticiasaominuto.com/mundo/2854054/aristocrata-e-companheiro-condenados-a-prisao-pela-morte-da-filha-bebe#utm_source=rss-mundo&utm_medium=rss&utm_campaign=rssfeed


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