Centenas no funeral de 31 jornalistas iemenitas mortos por Israel
- 16/09/2025
Os ataques israelitas, na passada quarta-feira, ocorreram depois de um drone lançado pelos hutis ter rompido as defesas aéreas de Israel e atingido um aeroporto no sul do país, fazendo explodir os vidros das janelas e ferindo uma pessoa, segundo a agência de notícias Associated Press (AP).
No Iémen, várias dezenas de pessoas foram mortas - incluindo os jornalistas - nos ataques israelitas sobre Sana, nomeadamente zonas residenciais, um quartel-general militar e um posto de combustível, de acordo com o Ministério da Saúde administrado pelos rebeldes Hutis, que ocupam o norte do país.
O Museu Nacional do Iémen também ficou danificado, segundo o Ministério da Cultura dos rebeldes, que publicaram imagens do local a mostrar danos na fachada do edifício. Uma instalação governamental na cidade de Hazm, capital da província de Jawf, no norte do país, também foi atingida.
A Al-Masirah TV, administrada pelos Hutis, transmitiu hoje os funerais, mostrando dezenas de pessoas dentro de uma mesquita e os caixões a serem carregados antes do enterro.
A assistência foi inferior à esperada para uma "perda tão grande", disseram à AP, por telefone, Khaled Rageh e Ahmed Malhy, que compareceram aos funerais, provavelmente porque a forte chuva matinal manteve algumas pessoas afastadas.
Israel já tinha lançado vagas de ataques aéreos em resposta aos disparos de mísseis e drones contra as suas cidades. Os hutis afirmam estar a apoiar o grupo islamita Hamas e os palestinianos na Faixa de Gaza.
Os Hutis têm lançado mísseis e drones contra Israel e atacado navios no Mar Vermelho há mais de 22 meses, afirmando que estão a atacar em solidariedade com os palestinianos na guerra em Gaza.
O Comité para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) declarou a AP, na segunda-feira, que a organização ainda está a investigar as mortes de jornalistas iemenitas, mas que está a ter dificuldades em verificar os factos em Sana, cidade controlada pelos rebeldes.
"O ambiente de informação é altamente restrito --- as autoridades hutis impuseram uma censura rigorosa, incluindo a proibição de partilha de fotografias ou vídeos relacionados com os ataques aéreos", afirmou o CPJ.
A organização não-governamental (ONG) Human Rights Watch (HRW), numa publicação realizada na segunda-feira, afirmou que os ataques aéreos israelitas em Sana atingiram um centro de comunicação social que alberga a sede de dois jornais, referindo ainda que este é mais um exemplo dos perigos que os jornalistas enfrentam no Iémen.
"O recente ataque das forças israelitas realça ainda mais as ameaças que os jornalistas enfrentam no Iémen, não só por parte das autoridades nacionais, mas também de partes em conflito no estrangeiro", afirmou a HRW.
Mohammed al-Basha, um analista sobre questões do Iémen, disse na rede social X que os ataques ocorreram enquanto a equipa do jornal "September 26" se reunia para preparar a sua próxima edição.
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