Compra de mina nos EUA permite retirar à China "controlo" de terras raras
- 12/07/2025
A MP Materials anunciou na quinta-feira que estabeleceu uma parceria público-privada com o Departamento de Defesa norte-americano (Pentágono), tornando-se este o seu maior acionista e investindo milhares de milhões de dólares em produção, num acordo que será concretizado hoje.
Em declarações à Fox News, o secretário de Energia, Chris Wright, afirmou que os Estados Unidos "precisam de ter controlo" do fornecimento de terras raras, para não estarem dependentes do rival asiático.
"A China tem uma enorme influência. Controlam a cadeia de abastecimento de terras raras", sublinhou Wright.
"O Presidente [Donald] Trump propôs-se a reindustrializar os Estados Unidos. Isto significa a mineração nos Estados Unidos. Isto significa controlo sobre os aspetos críticos que contribuem para a nossa segurança nacional e para a nossa segurança económica", frisou.
Concluída a operação, o Pentágono ficará com uma participação de 15% na MP Materials, tornando-se o seu maior acionista.
A aquisição da participação está avaliada em 400 milhões de dólares (342 milhões de euros) e faz parte de um acordo para os próximos 10 anos.
Na quinta-feira, a empresa referiu que este "acordo transformacional (...) irá acelerar drasticamente o desenvolvimento de uma cadeia de abastecimento de terras raras magnéticas de ponta a ponta nos Estados Unidos e reduzir a dependência de fontes estrangeiras".
A empresa planeia iniciar a construção de uma segunda unidade de fabrico de ímanes assim que for identificado um local, graças a um "pacote de investimento de milhares de milhões" de dólares e um "compromisso de longo prazo" do Pentágono.
A produção, que deverá arrancar em 2028, tem como objetivo servir clientes do setor da Defesa e também privados.
Isto dar-lhe-á uma capacidade total de produção de 10.000 toneladas por ano, combinada com a sua infraestrutura existente localizada em Mountain Pass (Califórnia), considerado o segundo maior local de mineração de terras raras do mundo.
O Departamento governamental comprometeu-se ainda a pagar um preço mínimo durante dez anos pela produção de uma liga (NdPr) utilizada sobretudo em motores e geradores --- para "reduzir os riscos ligados à especulação externa no mercado" e "garantir um cash flow estável" para a empresa.
Isto também garantirá que todos os ímanes produzidos pela segunda fábrica, denominada 10X, são adquiridos no prazo de dez anos após a sua conclusão.
As terras raras --- dezassete matérias-primas descobertas no final do século XVIII na Suécia, cada uma com propriedades diferentes --- são estratégicas pela sua aplicação nas tecnologias de transição energética e eletrónica.
Estes elementos encontram-se em dispositivos utilizados frequentemente, como ecrãs tácteis, painéis solares, veículos elétricos e até em notas de euro, onde são adicionados para evitar falsificações.
A sua extração e refinação, no entanto, causam danos ambientais significativos, movimentando enormes volumes de rocha e recorrendo a ácidos.
A produção de uma tonelada de terras raras requer 200 metros cúbicos de água, que no processo é contaminada com metais pesados e acaba sem tratamento nos rios, solos e aquíferos.
A cadeia de produção a nível mundial é atualmente dominada pela China.
O executivo do Presidente Donald Trump tem demonstrado preocupação com o abastecimento de terras raras, colocando-as no centro de um acordo com a Ucrânia em assinado em fevereiro e das atuais negociações comerciais com a China.
Trump tem também manifestado intenção de assumir o controlo da Gronelândia, território sob administração da Dinamarca que contém 36,1 milhões de toneladas de terras raras, de acordo com o Serviço Geológico da Dinamarca e da Gronelândia (GEUS).
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