Conselheiro de Starmer demite-se após polémica com mensagens explícitas
- 15/09/2025
O diretor estratégico do governo britânico, e conselheiro do primeiro-ministro, Keir Starmer, demitiu-se esta segunda-feira após serem conhecidas mensagens de conteúdo sexual explícito sobre uma colega do mesmo partido.
A informação é noticiada pela ITV News, que afirma que Paul Ovenden - antigo jornalista, que começou a trabalhar para o Partido Trabalhista em 2014 e é um dos aliados mais próximos do primeiro-ministro, Keir Starmer - trocou e-mails explícitos com uma colega sobre Diane Abbott, em 2017 .
Abbott, a parlamentar em causa, faz também parte dos trabalhistas e foi eleita pela primeira vez em 1987, altura em que se tornou a primeira mulher negra com assento na câmara dos comuns.
Nas mensagens, Ovenden estaria a recontar uma história sobre o conhecido jogo ‘sexo, casar, matar’, onde foram sugeridos três nomes por alguém e outra pessoa escolheu em qual das categorias se inseria cada um. Abbott terá sido uma das opções.
A história terá incluído também um relato pormenorizado sobre como duas mulheres descreveram a forma como teriam relações sexuais com a trabalhista Diane Abbott.
No e-mail, publicado pela ITV News, acontece a seguinte interação entre Paul Ovenden e uma outra funcionária do partido. Alertamos para o conteúdo sexualmente explícito que se segue.
Ovenden: Tenho uma coisa para te dizer que te vai fazer rir, de ontem à noite. Estávamos a jogar ‘sexo, casar, matar’ e eu quase me mijei de tanto rir.
Funcionária: O quê? Eu adoro esse jogo!
Ovenden: NOME ELIMINADO perguntou a NOME ELIMINADO quem usaria um ‘strap on’ [brinquedo sexual] e a Diane Abbot foi o ponto alto/baixo. E depois a demonstração física da NOME ELIMINADO a pô-lo foi incrível. ‘O que é que estás a fazer? É tão grande que até tem alças para os ombros’.
Funcionária: Isso é incrível! Qual é que foi a resposta? Estão-se a criar umas imagens mentais horríveis na minha cabeça.
Ovenden: Passámos muito tempo a discutir a possibilidade de NOME ELIMINADO fazer sexo oral à Diane. Honestamente, foi escandaloso.
O diretor de estratégia de Starmer falou com a ITV News, descrevendo a conversa como ‘tola’ e realçando que aconteceu há já oito anos. Mesmo assim, Ovenden admitiu que “antes do verão, tinha anunciado a alguns dos meus colegas que tinha a intenção de sair do governo”.
“Embora as mensagens tenham acontecido antes do meu cargo atual e de existir uma relação entre mim e o primeiro-ministro, apresentei a minha demissão para evitar que houvesse distrações do trabalho vital que este governo está a fazer para mudar positivamente a vida das pessoas”, afirmou.
“Como conselheiro, o meu dever é proteger a reputação do primeiro-ministro e do seu governo”, frisou.
Ovenden considerou ainda que “embora seja assustador que uma conversa privada de quase há uma década possa causar este tipo de dano, também estou verdadeiramente e profundamente arrependido por isso e pela dor que causará”.
Caso de Ovenden vem depois de duas outras demissões no executivo britânico
A demissão de Ovenden vem depois de dois outros casos semelhantes no governo de Keir Starmer que ocorreram nas últimas semanas.
O primeiro caso foi o da vice-primeira-ministra britânica, Angela Rayner, que se demitiu depois de ter admitido ter pago menos impostos na compra de uma casa.
“Aceito que não segui os mais altos princípios na minha recente aquisição imobiliária. Lamento profundamente a minha decisão de não solicitar aconselhamento fiscal adicional, tendo em conta a minha posição como ministra da Habitação e a complexidade da minha situação familiar. Assumo total responsabilidade por este erro", afirmou.
Em resposta, o primeiro-ministro, Keir Starmer, lamentou perder "uma colega de confiança e uma verdadeira amiga durante muitos anos".
O segundo caso a abalar o governo do Reino Unido foi o do embaixador britânico nos Estados Unidos Peter Mandelson, que foi destituído do cargo "com efeito imediato", na sequência de acusações sobre a sua relação com o abusador de menores norte-americano Jeffrey Epstein.
Em causa está um conjunto de e-mails que o executivo considerou que revelavam “a profundidade e a extensão da relação de Peter Mandelson com Jeffrey Epstein são substancialmente diferentes do que se sabia na altura da sua nomeação”.
“Em particular, a sugestão de Peter Mandelson de que a primeira condenação de Jeffrey Epstein foi injusta e deveria ser contestada constitui uma informação nova”, afirmou o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros britânico, Stephen Doughty.
Mandelson admitiu ter continuado a sua relação com Epstein "por mais tempo do que devia" porque que confiou no, então, amigo .
Sobre o, agora, ex-embaixador, Keir Starmer pronunciou-se esta segunda-feira afirmando: “se soubesse o que sei hoje nunca o teria nomeado devido à ligação que tem com o pedófilo Jeffrey Epstein”.
A semana passada, o governo britânico garantiu não estar em crise e rejeitou a ideia de eleições antecipadas. Para já, Starmer ainda não se pronunciou sobre a demissão mais recente no seu executivo.
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