EUA sanciona quatro juízes do TPI por "politização e abuso de poder"
- 06/06/2025
"Não tomámos esta decisão de ânimo leve. Reflete a grave ameaça que representa a politização e o abuso de poder do TPI", declarou o Departamento de Estado norte-americano em comunicado.
Os juízes visados são Solomy Balungi Bossa e Luz del Carmen Ibanez Carranza, que estão por detrás das investigações do TPI sobre alegados crimes de guerra cometidos por soldados norte-americanos no Afeganistão.
Juntando-se também Reine Alapini Gansou e Beti Hohler, que autorizaram o TPI a emitir mandados de captura contra o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu e o seu antigo ministro da Defesa Yoav Gallant.
"Estes quatro indivíduos são participantes ativos nas ações ilegítimas e infundadas do TPI que visam os Estados Unidos e o nosso aliado próximo, Israel", acrescentou o Departamento de Estado.
Os juízes consideraram que existiam "motivos razoáveis" para suspeitar que os dois homens cometeram crimes de guerra e crimes contra a humanidade na guerra em Gaza.
Em fevereiro, os Estados Unidos já tinham imposto sanções ao procurador do TPI, Karim Khan, que tinha iniciado o processo contra o Governo israelita.
O procurador retirou-se entretanto, pois está a ser investigado por "alegada má conduta sexual".
Karim Khan negou categoricamente as acusações de ter tentado, durante mais de um ano, coagir uma assistente a ter uma relação sexual e de a ter apalpado contra a sua vontade.
As sanções congelam os ativos detidos nos Estados Unidos pelas pessoas visadas.
Nem os Estados Unidos nem Israel são membros do TPI, o tribunal permanente responsável por processar e julgar indivíduos acusados de genocídio, crimes contra a humanidade e crimes de guerra.
Não fazendo parte do tribunal, estes países não reconhecem a sua capacidade para processar os seus cidadãos.
Fundado em 2002, com sede em Haia, o TPI conta atualmente com 124 Estados membros.
Durante o primeiro mandato de Donald Trump, o TPI, e em particular a sua então procuradora Fatou Bensouda, já tinha sido alvo de sanções dos EUA - levantadas por Joe Biden pouco depois de ter tomado posse em 2021.
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