Irão anuncia libertação de iraniana detida em França por apologia ao terrorismo
- 23/10/2025
A libertação de Esfandiari foi confirmada à AFP pelo Ministério Público de Paris e pelo seu advogado, Nabil Boudi, que indicaram também que a cidadã iraniana está proibida de sair do território francês até ao seu julgamento, marcado para 13 a 16 de janeiro de 2026, perante o Tribunal Penal de Paris.
A sua supervisão judicial inclui, segundo o Ministério Público, a "obrigação de comparecer na esquadra" e a "proibição de utilizar as redes sociais".
Segundo o advogado de Esfandiari, o Ministério Público francês "opôs-se rigorosamente" ao pedido de libertação, alegando "o risco de fuga, mas não foi atendido".
"O tribunal considerou que a detenção preventiva foi demasiado longa, tendo em conta as acusações", acrescentou Nabil Boudi.
Esfandiari enfrentará acusações que incluem apologia e incitamento ao terrorismo online, bem como injúria racial e conspiração criminosa, no âmbito de uma investigação aberta há dois anos sobre contas na plataforma Telegram.
Segundo o Ministério Público, os conteúdos das contas a que está associada, "faziam apologia dos ataques cometidos[pelo movimento palestiniano Hamas] em Israel a 07 de outubro de 2023, incitando atos de terrorismo e insultando a comunidade judaica".
Em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano "celebrou a decisão do juiz francês de libertar a senhora Esfandiari sob supervisão judicial".
O Ministério afirmou ainda que "continuará os seus esforços" até que Esfandiari "possa regressar" ao Irão.
Em 11 de setembro, o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Araghchi, declarou que um "acordo" para a troca de "prisioneiros" franceses no Irão pela iraniana detida em França se aproximava da "fase final".
Jean-Noël Barrot, ministro dos Negócios Estrangeiros francês, anunciou em 08 de outubro a libertação do jovem franco-alemão Lennart Monterlos, de 19 anos, detido no Irão desde junho.
Originário do leste de França, Lennart Monterlos foi detido em 16 de junho em Bandar-Abbas, no sul do Irão, quando atravessava o país de bicicleta sozinho, ao terceiro dia da guerra (de 12 dias) entre o Irão e Israel.
Foi detido quando se preparava para sair do país em direção ao Afeganistão. O visto iraniano estava prestes a expirar.
A libertação do jovem era esperada depois de a justiça iraniana ter anunciado a sua absolvição, alguns meses após a acusação por espionagem.
Desde a detenção, a França tinha condenado a medida, considerando-a arbitrária.
França exige ainda a libertação imediata de Cécile Kohler e Jacques Paris, ambos presos no Irão há mais de três anos.
O casal Kohler/Paris foi detido no último dia de uma viagem turística ao Irão e, desde então, foi acusado de "espionagem para a Mossad", os serviços secretos israelitas, de "conspiração para derrubar o regime" e de "corrupção na Terra".
O paradeiro do casal continua incerto, apesar de sinais positivos emitidos nas últimas semanas, tanto em Teerão como em Paris.
Paris considera que Cécile Kohler e Jacques Paris são "reféns de Estado" no Irão.
A França apresentou, por isso, uma queixa contra Teerão ao Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) em maio.
Nos últimos dez anos, o Irão tem multiplicado as detenções de cidadãos ocidentais, nomeadamente franceses, acusando-os frequentemente de espionagem, com o objetivo de os usar como moeda de troca para libertar iranianos ligados ao regime detidos no estrangeiro ou obter contrapartidas políticas.
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