Lula defende na cimeira dos BRICS reformas no Banco Mundial OMC e FMI
- 07/07/2025
"Para fazer jus ao nosso peso económico, o poder de voto dos membros do BRICS no FMI deveria corresponder pelo menos a 25% e não os 18% que detemos atualmente", disse Lula da Silva, na abertura da segunda sessão plenária no primeiro dia da cimeira de chefes de Estado e de Governo dos BRICS, que decorre até segunda-feira no Rio de Janeiro.
O chefe de Estado do Brasil, país que detém a presidência do grupo das economias emergentes, afirmou que "as estruturas do Banco Mundial e do FMI sustentam um Plano Marshall às avessas, em que as economias emergentes e em desenvolvimento financiam o mundo mais desenvolvido".
"Os fluxos de ajuda internacional caíram e o custo da dívida dos países mais pobres aumentou", denunciou Lula da Silva, que já quando assumiu a presidência do G20 o ano passado procurou colocar estas alterações em cima da mesa.
A reforma da Organização Mundial do Comércio é outro eixo de ação imprescindível e urgente, considerou, já que a "sua paralisia e o recrudescimento do protecionismo criam uma situação de assimetria insustentável para os países em desenvolvimento".
No sábado, também no Rio de Janeiro, a reunião de ministros das Finanças e presidentes de bancos centrais dos BRICS terminou com um apelo "urgente" para reformar o FMI e o Banco Mundial e para avançar no financiamento climático.
Numa declaração conjunta adotada por consenso na véspera da cimeira dos líderes dos BRICS, os ministros das Finanças dos 11 países membros apelaram ao reforço da cooperação Sul Global e a um modelo de desenvolvimento mais justo e equitativo.
Os ministros salientaram que, embora os países do grupo representem quase metade da população mundial, 40% do PIB mundial e um quarto do comércio e do investimento mundiais, "é necessário fazer mais" para garantir que os benefícios da globalização sejam distribuídos de forma mais equitativa.
Os ministros das Finanças destacaram ainda o papel do Novo Banco de Desenvolvimento dos BRICS (NDB) na dinamização da mobilização de recursos e de projetos de desenvolvimento sustentável, contribuindo para a redução das desigualdades.
O grupo BRICS foi inicialmente formado pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul e, desde o ano passado, conta com seis novos membros efetivos: Egito, Irão, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Arábia Saudita e Indonésia, e anunciou recentemente a incorporação da Colômbia e do Uzbequistão.
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