Maioria dos palestinianos detidos são civis (só 1 em cada 4 é militar)
- 05/09/2025
A maioria dos detidos são civis, segundo os dados da Direção de Inteligência Militar de Israel (AMAN) e em estatísticas do sistema prisional israelita divulgadas em processos judiciais.
O porta-voz do exército israelita, Nadav Shoshani, disse hoje, na rede social X, que o artigo publicado baseia-se em "inúmeras imprecisões" e constitui "uma interpretação errada" dos procedimentos de detenção.
"Ao contrário do que se alega, a maioria dos suspeitos trazidos para Israel foram considerados, após interrogatório, envolvidos em atividades terroristas. Aqueles que não foram considerados envolvidos em atividades terroristas não foram classificados como combatentes ilegais e foram libertados de volta para Gaza", indicou o porta-voz israelita.
As informações da base de dados da AMAN indicam que apenas 1.450 palestinianos estão associados aos ramos militares do Hamas ou da Jihad Islâmica Palestiniana.
Em maio, Israel deteve 6.000 palestinianos de Gaza, de acordo com os dados das detenções em resposta a pedidos do Tribunal Superior.
O editor da revista +972 e membro da direção do Sindicato dos Jornalistas de Israel, Haggai Matar, disse à agência de notícias EFE que a maioria dos presos serem civis reflete "uma realidade muito negra" sobre os motivos das detenções.
O diretor do Comité Público de Israel contra a Tortura, Tal Steiner, referiu que a falta de ligação a grupos armados "elimina qualquer justificação para a sua detenção".
Israel terá "raptado deliberadamente" civis em massa e manteve-os durante longos períodos em "condições atrozes", de acordo com os testemunhos de ex-reféns e soldados israelitas que atuaram em centros de detenção.
A Lei de Detenção de Combatentes Ilegais de 2002 permite que Israel detenha indivíduos, por tempo indeterminado, durante uma guerra sem os reconhecer como prisioneiros de guerra.
Até à data, Israel libertou mais de 2.500 detidos classificados como "combatentes ilegais", ou seja, não eram militares.
A ofensiva contra Gaza começou depois dos ataques grupo islamita palestiniano Hamas, que controla o enclave, em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, que causaram cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns.
Os ataques já provocaram mais de 63 mil mortos, a destruição de quase todas as infraestruturas de Gaza e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.
Israel também impôs um bloqueio à entrega de ajuda humanitária no enclave, onde mais de 150 pessoas já morreram de desnutrição e fome, a maioria crianças.
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