Não é "jogador de equipa" na NATO. Donald Trump (outra vez) sobre Espanha
- 23/10/2025
Em declarações na Sala Oval da Casa Branca ao lado do líder da NATO, Trump disse que Mark Rutte "terá de falar com Espanha", manifestando confiança de que "pode resolver facilmente" a questão do compromisso de Espanha com a Aliança.
O governo espanhol negociou na última cimeira da NATO em junho uma exceção na aplicação de 5% do PIB às despesas de Defesa, a que todos os outros aliados se comprometeram, e tem por isso sido alvo de críticas repetidas de Trump.
Depois de na semana passada ameaçar Espanha com retaliações comerciais, incluindo tarifas alfandegárias, pela postura na NATO, hoje Trump afirmou que há "uma ótima relação" com todos os aliados, "com exceção de Espanha".
"Todos os outros estão 100% empenhados", acrescentou Trump.
A última cimeira da NATO nos Países Baixos resultou na concordância geral dos aliados com um novo compromisso de elevar gradualmente, até 2035, o investimento anual em Defesa e despesas relacionadas para 5% do PIB.
No entanto, a Espanha rejeitou esta meta mais elevada de 5%, considerando-a "irracional" e, em alternativa, chegou a um acordo para ficar de fora do compromisso, ficando-se pelas suas obrigações com a aliança de gastar 2,1% do PIB em Defesa.
Em relação ao adiamento do encontro sobre a Ucrânia previsto com o Presidente russo, Vladimir Putin, Trump voltou hoje a justificar com a falta de avanços concretos.
"Simplesmente não me pareceu correto. Não parecia que chegaríamos onde precisávamos, por isso cancelei. Mas no futuro teremos um", afirmou.
O adiamento foi decidido depois de uma conversa entre o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, e o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, na segunda-feira, para debater os contornos da cimeira entre Trump e Putin sobre o fim do conflito na Ucrânia.
A agência Bloomberg avançou na terça-feira que países europeus e a Ucrânia estão a preparar uma proposta para acabar com a guerra causada pela Rússia nas atuais linhas de batalha, contrariando exigências de território feitas por Moscovo.
Segundo fontes próximas do processo, citadas pela agência, Donald Trump ficaria a presidir a um conselho da paz, responsável por supervisionar a aplicação do plano proposto, com 12 pontos.
Até agora, a Rússia rejeitou os apelos para pôr fim aos combates ao longo das linhas existentes, apesar de ter sofrido baixas massivas na guerra, iniciada com a invasão russa de grande escala em fevereiro de 2022.
Hoje, Trump indicou ainda que o Presidente chinês poderá exercer "grande influência" sobre Putin para resolver o conflito na Ucrânia e afirmou que "certamente" abordará a questão com Xi Jinping num encontro previsto à margem da cimeira da Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC), na Coreia do Sul em novembro.
Sobre a sua decisão de não atender ao pedido de Kiev para entregar mísseis Tomahawk, Trump justificou com a complexidade da sua utilização.
"O problema com os Tomahawks, que muitas pessoas desconhecem, é que são necessários, no mínimo, seis meses, geralmente um ano, para aprender a usá-los. É extremamente complexo. A única forma de disparar um Tomahawk é dispararmos nós (Estados Unidos), e não o faremos", afirmou.
O encontro com Rutte teve lugar no dia em que um ataque russo na cidade ucraniana de Kharkiv atingiu um jardim de infância, deixando várias crianças feridas com gravidade, facto evocado pelo secretário-geral da NATO.
"Precisamos de garantir que os sistemas de defesa aérea estão a funcionar, e precisamos que os sistemas dos Estados Unidos o façam, e os europeus estão a pagar por isso. Este é exatamente o tipo de ação de que precisávamos, e o Presidente está a fazê-lo", afirmou Rutte.
O Presidente norte-americano "está a tentar tudo para por fim a esta guerra, começando por um cessar-fogo", adiantou Rutte.
Coincidindo com a reunião com Rutte na Casa Branca, o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent anunciou hoje sanções contra dois grandes grupos petrolíferos russos, Rosneft e Lukoil, justificadas com a "recusa de Putin em parar esta guerra insensata" contra a Ucrânia.
[Notícia atualizada às 06h15]
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