ONU condena ataque a Doha como golpe contra mediação em todo o mundo
- 16/09/2025
Intervindo numa reunião de emergência do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, em Genebra, Suíça, convocada para debater o ataque de Israel ao Qatar de 09 de setembro -- e que Telavive classificou como "absurda" --, o alto-comissário Volker Türk enfatizou que o mesmo "foi uma violação chocante do direito internacional e um ataque à paz e à estabilidade regional".
"Visar as partes envolvidas na mediação apoiada internacionalmente no seu território compromete o papel fundamental do Qatar como facilitador e mediador da paz. Trata-se de um ataque aos esforços globais para resolver conflitos de forma pacífica", afirmou o responsável da ONU, que exortou o Conselho de Direitos Humanos a "reafirmar a importância central dos processos de mediação e a exigir a responsabilização pelos homicídios ilegais".
Türk recordou que o secretário-geral da ONU, António Guterres, "salientou que a ação de Israel constituiu uma violação flagrante da soberania e da integridade territorial do Qatar" e que "os membros do Conselho de Segurança também manifestaram a sua condenação", considerando que "o ataque violou o direito à vida ao abrigo do direito internacional em matéria de direitos humanos e os princípios do direito internacional humanitário".
"As leis existem para defender valores fundamentais para as nossas sociedades e para o nosso mundo. As regras da guerra, que regem todas as partes envolvidas em conflitos armados, foram acordadas ao longo de décadas para o bem comum. Essas regras estabelecem que a distinção entre alvos civis e militares é fundamental", lembrou, sustentando que "um ataque nunca pode ter como alvo civis que não estejam a participar diretamente nas hostilidades".
"No caso do ataque israelita em Doha, a delegação do Hamas estava no Qatar para negociar um cessar-fogo, um passo vital para a paz, que é tão desesperadamente necessária em Gaza, na Cisjordânia ocupada, no Líbano, na Síria, no Iémen e em toda a região", prosseguiu, comentando que este ataque "foi concomitante com outras ações que estão a destruir qualquer perspetiva de uma solução de dois Estados, o único caminho para uma paz sustentável".
Para o alto-comissário, "este ataque demonstra a necessidade urgente de os Estados-Membros intensificarem os seus esforços", mas notou que "poucos o fizeram" e defendeu que as nações "não podem esperar mais" e "têm a obrigação de tomar medidas concretas para pôr fim às violações flagrantes do direito internacional, incluindo as especificadas pelo Tribunal Internacional de Justiça".
Israel atacou Doha em 09 de setembro, tendo como alvo uma reunião de negociadores do Hamas que discutiam uma proposta de Washington para um cessar-fogo em Gaza.
O ataque matou cinco elementos do grupo radical palestiniano e um polícia do Qatar.
A guerra em curso em Gaza foi desencadeada pelos ataques de militantes extremistas liderados pelo Hamas em Israel em 07 de outubro de 2023, que mataram cerca de 1.200 pessoas e fizeram 251 reféns.
Desde o início da ofensiva em Gaza que se seguiu ao ataque, as forças israelitas mataram mais de 64.800 pessoas.
Devido à ofensiva em Gaza, Israel enfrenta acusações de genocídio e de uso da fome como armada de guerra, que nega.
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