Países árabes e islâmicos querem aliança defensiva contra Israel
- 16/09/2025
Num tom muito duro, os mais de 50 chefes de Estado e altos funcionários de países árabes que compareceram à reunião convocada pelo Qatar, pela Liga Árabe e pela Organização para a Cooperação Islâmica (OCI), descreveram uma situação de tensão, indignação e medo diante de um Israel sem limites, o que exige "uma resposta clara, decisiva e dissuasiva".
Os discursos, que insistiram na necessidade de "decisões práticas" para enfrentar a "ameaça israelita", foram mais duros do que a declaração final, que se limitou a apelar à comunidade internacional para que imponha sanções a Israel, reveja as relações diplomáticas, exclua o país da ONU e apoie os mandados de prisão emitidos pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) contra o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, e o ex-ministro da Defesa Yoav Gallant.
Além do anfitrião, o emir do Qatar, Tamim bin Hamad al-Thani, estiveram presentes na cimeira 'pesos pesados' como o Presidente egípcio, Abdel Fatah al-Sisi; o rei jordano Abdullah II; o príncipe herdeiro saudita, Mohammad bin Salman; o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan; ou o iraniano, Masud Pezeshkian.
Os Emirados Árabes Unidos enviaram apenas o seu vice-primeiro-ministro Mansour bin Zayed; o Bahrein enviou um dos filhos do seu monarca, Abdullah bin Hamad; e Marrocos enviou o príncipe Mulay Rachid, irmão do rei Mohammed VI.
Estes três últimos países são signatários, em 2020, dos chamados Acordos de Abraão, assinados há cinco anos sob a administração do Presidente norte-americano Donald Trump, pelos quais reconhecem o Estado de Israel e mantêm relações políticas e económicas fluidas.
O emir do Qatar - país atingido na semana passada por um ataque israelita contra líderes do Hamas, em Doha - acusou diretamente Netanyahu de querer impor a sua vontade, recusar a paz no Médio Oriente e ter cometido um "ato terrorista covarde" contra os mediadores do movimento islamita palestiniano que procuravam um cessar-fogo em Gaza e a libertação dos reféns israelitas nas mãos do Hamas.
Abdullah II da Jordânia considerou que os ataques de Israel demonstram que Telavive "não tem limites" e que, portanto, os países da região deveriam emitir "decisões práticas para enfrentar essa ameaça" desencadeada por um governo israelita "extremista" que a comunidade internacional permitiu "estar acima da lei".
Já o Presidente turco defendeu que os países islâmicos sejam "autossuficientes" em matéria de defesa face às "ameaças israelitas", além de defender a aplicação de pressão económica sobre Israel para que cesse as suas agressões.
Al-Sisi, por sua vez, advertiu Israel que as suas ações "enfraquecem" os acordos existentes com os países da região e "obstaculizam" qualquer acordo futuro, ao mesmo tempo que assinalou aos seus colegas árabes e islâmicos que têm a "obrigação" de colaborar para "enfrentar os grandes desafios de segurança, políticos e económicos" que enfrentam devido às agressões israelitas.
Paralelamente à cimeira de líderes, os países do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) --- Arábia Saudita, Kuwait, Omã, Catar, Emirados Árabes e Barém --- ordenaram ao comando militar da organização que tome as medidas necessárias para "ativar os mecanismos de defesa conjuntos" para avaliar a "ameaça" de Israel.
Numa nota, o CCG também indicou estar disposto a "mobilizar todas as suas capacidades para apoiar" o Catar e "proteger a sua segurança, estabilidade e soberania perante qualquer ameaça".
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