Países mediterrânicos da UE pedem desbloqueio de ajuda a Gaza
- 21/10/2025
O grupo, designado como MED9, apelou para o "desbloqueio imediato de toda a ajuda humanitária para Gaza", afirmou o primeiro-ministro esloveno, Robert Golob, numa conferência de imprensa conjunta após a reunião.
Este ano, a reunião decorreu na cidade costeira de Portoroz, na Eslovénia, que ocupa a presidência rotativa do MED9.
"Não há absolutamente nenhuma desculpa para que tal ajuda humanitária seja bloqueada, e esperamos que o Governo israelita abra a passagem de Rafah, bem como outros postos fronteiriços, para que a ajuda humanitária possa chegar a Gaza", acrescentou o chefe do executivo esloveno.
O MED9 quer também garantir o acesso seguro da comunicação social à Faixa de Gaza.
As autoridades de Portugal, Espanha, França, Chipre, Grécia, Croácia, Itália, Malta e Eslovénia reuniram-se hoje no âmbito do formato MED9 para discutir questões que afetam a sua região.
Portugal foi representado pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, no encontro, igualmente marcado pela participação do rei Abdullah II da Jordânia e da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, reuniu-se com os enviados norte-americanos Steve Witkoff e Jared Kushner em Israel, um dia depois de bombardeamentos israelitas da Faixa de Gaza terem testado a frágil trégua em vigor desde 10 de Outubro.
O chefe do Governo esloveno indicou que o grupo MED9 quer igualmente garantir que o acordo de cessar-fogo seja "totalmente respeitado, incluindo com o envio de observadores para o terreno".
Após os bombardeamentos israelitas de domingo, que fizeram dezenas de mortos em Gaza, o vice-presidente norte-americano, J.D. Vance, declarou que "o cessar-fogo tem todas as hipóteses de proporcionar uma paz duradoura".
"Haverá altos e baixos, e teremos de monitorizar a situação", acrescentou.
A Eslovénia reconheceu o Estado da Palestina em 2024 e, em setembro deste ano, proibiu a entrada no país de Netanyahu, pelo facto de o líder israelita ser alvo de mandados de captura emitidos pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) por crimes de guerra e contra a humanidade.
Israel e o Hamas anunciaram na noite de 08 de outubro um acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza, a primeira fase de um plano de paz proposto pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, após negociações indiretas mediadas pelo Egito, Qatar, Estados Unidos e Turquia.
Esta fase da trégua envolveu a retirada parcial do Exército israelita para a denominada "linha amarela" demarcada pelos Estados Unidos, linha divisória entre Israel e a Faixa de Gaza, a libertação de 20 reféns em posse do Hamas e de 1.968 prisioneiros palestinianos.
O cessar-fogo visa pôr fim a dois anos de guerra em Gaza, desencadeada pelo ataque de 07 de outubro de 2023 do Hamas a Israel, no qual cerca de 1.200 pessoas foram mortas e 251 sequestradas.
A retaliação de Israel fez pelo menos 68.216 mortos -- entre os quais mais de 20.000 crianças - e de 170.361 feridos, na maioria civis -- não só vítimas de fogo israelita, mas também de fome -, segundo números hoje atualizados (já com as vítimas da quebra do cessar-fogo por Israel) pelas autoridades locais, que a ONU considera fidedignos.
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