Xi reúne-se com Jong-un e promete consolidar relações com Coreia do Norte
- 04/09/2025
"O Partido [Comunista] e o Governo chinês atribuem grande importância à tradicional amizade entre a China e a República Popular Democrática da Coreia [nome oficial da Coreia do Norte] e estão dispostos a manter, consolidar e desenvolver as relações bilaterais", afirmou Xi.
"Esta posição permanecerá inalterada, independentemente da evolução da situação internacional", assegurou, citado pela agência de notícias oficial chinesa Xinhua, de acordo com as agências France-Presse e EFE.
Os dois líderes reuniram-se em Pequim, para onde Kim viajou esta semana para assistir ao desfile militar na quarta-feira dos 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A rara viagem ao estrangeiro, a primeira à China desde 2019, marcou a estreia de Kim numa cimeira multilateral, ao lado do Presidente da Rússia, Vladimir Putin, e do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, entre outros.
Xi disse a Kim que os dois países são "bons vizinhos, bons amigos e bons camaradas" que desfrutam de uma "amizade tradicional" à qual Pequim "atribui grande importância", disse a Xinhua.
O Presidente chinês mostrou-se disposto a reforçar a coordenação com Pyongyang para "fazer tudo o que for possível para manter a paz e a estabilidade na península coreana".
Xi também apelou para o aumento da "coordenação estratégica" em assuntos regionais e internacionais para proteger os interesses comuns.
Apesar dos períodos de tensão devido ao descontentamento chinês com as repercussões da corrida norte-coreana ao armamento nuclear e balístico, os dois países asiáticos mantêm relações estreitas cujas raízes remontam à Guerra da Coreia (1950-1953).
A China presta apoio diplomático, político e económico à Coreia do Norte, sujeita a pesadas sanções internacionais.
"A China, como sempre, apoiará a Coreia do Norte na busca de um caminho de desenvolvimento que se adapte às condições nacionais e criará continuamente novos horizontes para a causa socialista norte-coreana", disse Xi.
Para isso, sugeriu "aprofundar a troca de experiências de governo do partido e do Estado e o entendimento mútuo e a amizade".
Kim também afirmou que "os sentimentos de amizade" entre Pyongyang e Pequim "não mudarão, por mais que a conjuntura internacional varie".
Referiu o "desejo firme" de Pyongyang de "aprofundar e desenvolver continuamente" os laços com o país vizinho.
O líder norte-coreano agradeceu "o apoio inabalável e de longo prazo da China à causa socialista" da Coreia do Norte e o "valioso apoio e assistência" prestados por Pequim.
Kim Jong-un também mostrou apreço pela "postura imparcial" da China em relação à situação na península coreana e garantiu que Pyongyang continuará a "apoiar firmemente" Pequim em questões como Taiwan, Tibete ou Xinjiang.
De acordo com a agência de notícias sul-coreana Yonhap, Kim seguiu, no final do encontro, para a estação ferroviária de Pequim e regressar à Coreia do Norte.
A viagem à China começou na segunda-feira a bordo do comboio especial do líder norte-coreano, numa viagem de quase um dia.
Esta foi a quinta visita oficial de Kim à China.
A imprensa sul-coreana noticiou que o atual líder também acompanhou o pai e antecessor Kim Jong-il em pelo menos uma visita a Pequim antes de lhe suceder em 2011.
No desfile de quarta-feira, Kim sentou-se à esquerda de Xi e Putin à direita, na primeira ocasião em 66 anos em que os líderes da China, Rússia e Coreia do Norte apareceram juntos em público.
A presença de Kim em Pequim também foi interpretada como uma tentativa de restabelecer a sintonia com a China, após as tensões decorrentes da cooperação militar de Pyongyang com Moscovo no conflito na Ucrânia.
Kim viajou para a China acompanhado pela filha, cuja aparição em eventos oficiais tem alimentado especulações sobre uma eventual sucessão.
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